Viradouro, Tijuca e Salgueiro se destacam no domingo

Componentes da Tijuca sobre carro alegórico – Foto: Richard Santos / Riotur

Parecia que íamos reviver a trágica sexta-feira de Carnaval com o temporal que caiu na cidade por volta de 19h. Por conta da chuva, o desfile começou às 22h e o Império Serrano desfilou debaixo de chuva. Mas ela foi diminuindo e depois sumiu de vez, tornando a noite mais agradável para componentes e público.

Desfiles fortes

Reestreante no Grupo Especial, a Viradouro fez a apresentação mais consistente da noite. A riqueza das fantasias chamou atenção das pessoas. Boa parte dos componentes estavam com maquiagens bem elaboradas, o que acrescentou realismo aos personagens representados. A crise financeira também passou longe das alegorias, no trabalho mais elaborado de Paulo Barros. Uma comissão de frente em que bruxas transformavam príncipes em sapos deu o tom em que seguiria o enredo Viraviradouro, sobre o universo da fantasia. Faltou, no entanto, um fio condutor mais sólido.

O público se divertiu muito com as alegorias vivas, como os zumbis que saíam do cemitério ou as bruxas que voavam graças a um mecanismo semelhante ao que impulsiona as rodas gigantes. As baianas com saia de circo também impressionaram. Pena que o samba não aconteceu apesar da competente apresentação da bateria de mestre Ciça, que desfilou fantasiado de mago. No conjunto foi o melhor desfile até agora.

Quem também fez um desfile seguro foi a Unidos da Tijuca, na estreia de Laíla. O enredo sobre o pão ficou um tanto repetitivo e um pouco religioso demais para um desfile de carnaval. Só que a escola sabe desfilar. Seus componentes cantaram o melodioso samba com coração e a bateria fez uma ótima exibição. Sabedora do fato de que desfilaria já com o dia claro, a Tijuca investiu em fantasias tom pastel, laranja, marrom, mais coloridas, que funcionaram sob a luz do dia.

Laíla conduziu a escola com segurança, sem correrias de evolução e com canto forte. O Pavão voltou a fazer uma apresentação forte que a credencia a buscar as primeiras posições.

Homens de pedra, membros da comissão de frente do Salgueiro – Foto: Dhavid Normando

Olori Xangô

Outra escola que demonstrou força foi o Salgueiro. O seu enredo sobre o orixá Xangô foi o mais bem desenvolvido da noite, apoiado por um samba-enredo que mostrou sua força. A vermelho e branco da Tijuca começou com uma comissão de frente toda dourada, passou para os tons de branco, palha, vermelho e terminou falando da Justiça dos homens, fantasiando as últimas alas como juízes togados.

As alegorias Salgueirenses ajudaram a contar o enredo, ainda que na segunda metade do cortejo a qualidade tenha caído. As fantasias em sua maior parte estavam imponentes e bem acabadas. Assim como a Tijuca, avermelho e branco desfilou com muito vigor, cantando bastante o samba, sem correrias.

Decepção

Encarregada da grande festa da noite, por estar celebrando os seus 70 anos, a Beija-Flor decepcionou. A decisão de não contar os enredos de forma linear, que parecia criativa na sinopse, não foi bem realiazada As alegorias não pareciam ajudar na leitura e as fantasias pareceram algo repetitivas. Plasticamente, também faltou à escola de Nilópolis o apuro que lhe é peculiar. Havia problemas de acabamento.

Se a comissão de frente do coreógrafo Marcelo Misalidis funcionou com seus beija-flores, o casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira brilharam. Ele chegou a ter problemas com a fantasia, mas foi entre a segunda e terceira cabines, o que deve livrar a escola de penalidades. O samba não funcionou e se arrastou durante a maior parte da apresentação da azul e branca, mesmo que algumas alas tenham tentando defendê-lo.

Porta-bandeira da Beija-Flor, Selminha Sorriso, brilhou como sempre – Foto: Dhavid Normando / Riotur

Sexta escola a desfilar na noite, a Imperatriz vinha com uma proposta mais leve de enredo, com um samba brincalhão, calcado nas marchinhas de carnaval. Os carros eram menores que de costume e mais vazados. Com algumas boas ideias, como o que retratou a confusão dos operadores de bolsa de valores. No entanto, a escola sofreu com problemas de evolução. As primeiras alas da escola dispararam na frente e não perceberam a dificuldade com o manejo do carro abre-alas, abrindo um buraco e desajustando a evolução. O samba funcionou dentro dos seus propósitos, mas os gresilenses devem ficar longe de uma colocação muito  alta. Pelo menos os componentes pareciam estar se divertindo, com fantasias leves.

Erros

O Império Serrano e a Grande Rio tiveram problemas de enredo, com soluções lugar-comum em pontos do desfile. A Serrinha foi a única que se apresentou sob chuva o tempo todo. Seu hino, a música de Gonzaguinha O que é o que é tinhas partes duras de cantar. A plástica da Grande Rio foi irregular. A aposta nos emojis como fio condutor da história não deu certo e ficou repetitiva. O início da escola tinha algumas fantasias criativas para contar o enredo sobre o jeitinho brasileiro, que a tricolor critica e acredita que precisa ser corrigido à base de educação. Assim como no caso do Império, o samba não empolgou a plateia.

 

04 de mar de 2019

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