Sete fatos que você talvez não conheça sobre a Unidos da Tijuca

Além de véspera do Ano Novo, o dia 31 de dezembro também é aniversário de fundação da Unidos da Tijuca, uma das escolas de samba mais esperadas do Carnaval nos últimos anos. Hoje conhecida como a agremiação preferida dos mais jovens, muitos podem não saber que a azul e amarelo é a terceira escola mais antiga do Brasil, completando em 2017 o 86º ano de existência.

Para comemorar a data, vamos lembrar alguns fatos sobre a Tijuca que nem todo mundo conhece:

1. Por que sambas da Tijuca citam o Borel se a sede é no Santo Cristo?

A escola nasceu e teve sua primeira sede na rua São Miguel, na base do Morro do Borel. Foi a primeira escola de samba do bairro da Tijuca. Com a violência e guerra entre traficantes, as pessoas ficaram com medo de frequentar a quadra. Em 1988, a Tijuca passou a ensaiar no Santo Cristo, onde está até hoje. 

Um dos exemplos de sambas que citam o Borel é de 2005:

2. Por que a escola se chama Unidos da Tijuca?

Com as reformas no centro do Rio, promovidas pelo prefeito Pereira Passos, no início do século 20, a população pobre e descendentes de escravos que moravam lá foram ocupando morros nas cercanias e uma das primeiras regiões para qual se mudaram foi a Tijuca. Nos anos 1920, o bairro da Tijuca possuía 4 blocos carnavalescos: o Bloco do Velho Ismael Francisco e Dona Blandira (da família Moraes); o Bloco do Velho Pacífico (da família Vasconcelos); o Bloco do Caroço (da Ilha dos Velhacos) e o Bloco de Dona Amélia (do Morro da Formiga). Em 1931, todos eles foram ao terreiro da família Vasconcelos e decidiram fundar a primeira escola de samba do bairro, (os foliões) Unidos da Tijuca.

3. A história do Pavão como símbolo

Há duas versões para esta história: a primeira afirma que o pavão era o símbolo de uma fábrica de cigarros no pé do Borel, onde trabalhavam vários integrantes. Mas o fato é que o símbolo oficial da escola, durante muito tempo, eram duas mãos entrelaçadas (Unidos) com ramos de café e fumo, as culturas da Tijuca rural. Essa símbolo figurou nos abre-alas até 1983; em 1984, um dos compositores sugeriu que o Pavão, àquela altura símbolo informal da escola, fosse adotado no Abre-Alas, para competir com outros animais, como a Águia da Portela e o Leão da Estácio de Sá. O uso da ave no carro abre-alas fez sucesso e o pavão foi parar também na bandeira da Unidos da Tijuca. Só mais recentemente a escola passou a utilizar o pavão também nas letras de samba.

Legenda: Carro abre-alas da Tijuca em 1982, ainda com o símbolo antigo.

4. O primeiro samba-enredo?

Esta polêmica vale um post à parte. A honra de ter feito o primeiro samba-enredo da história é reivindicada por Unidos da Tijuca, Portela, Mangueira, Unidos do Salgueiro (que nem existe mais) e o Império Serrano. A razão da controvérsia está no fato de que, no início, os sambas tinham mais semelhança com os sambas de terreiro e estavam longe da estrutura de hoje. Se for por uma questão de antecedência, é possível dizer que a Tijuca tem, ao menos, o candidato mais antigo, O Mundo do Samba, de autoria de Nelson Moraes, para o Carnaval de 1933. Mas o samba de 1936, Natureza Bela foi, sem dúvida, o primeiro a ser gravado, ainda que só em 1941.

5. História de altos e baixos

A Unidos da Tijuca nasceu como uma das principais “casas” de samba do Rio, ao lado de Portela, Mangueira e Deixa Falar (precursora da Estácio de Sá). Venceu o Carnaval de 1936 e foi uma força até que em meados dos anos 40 começou a sofrer com brigas. Dissidentes fundaram outras escolas como o Império da Tijuca e as extintas Estrela da Tijuca e Recreio da Mocidade. Em 1959, a escola caiu do grupo principal e sofreu um grande esvaziamento. Levou 22 anos para retornar ao desfile principal, o que só ocorreria em 1981, com um carnaval assinado por Renato Lage.  Mesmo assim, a escola ainda seria rebaixada em 1984, 1986, quando apresentou um polêmico enredo sobre os Sete Pecados Capitais, e 1998, com a homenagem a Vasco da Gama, o navegador e o clube de regatas.

Legenda: Imagem do desfile campeão da Tijuca em 1948.

6. Era Paulo Barros

Em 1999, a Tijuca apresentou no então Grupo de Acesso um samba antológico em homenagem aos povos indígenas, O Dono da Terra. Com isso subiu ao Grupo Especial e no desfile em que todos as escolas falaram da história do Brasil, a Tijuca ficou em quinto lugar e voltou a figurar no desfile das campeãs. Em 2004, contratou Paulo Barros que surgiu na Vizinha Faladeira e havia feito um desfile impactante sobre Portinari no Tuiuti. Seu desfile encantou a avenida, sobretudo pelo carro do DNA. Apesar de ser a escola da moda a partir de então, o título só viria em 2010, depois de Barros ter passado sem sucesso por Vila Isabel e Viradouro. Com ele, a Tijuca venceu em 2012 e 2014.

O magnífico desfile de 2010, o do reencontro com o título, 74 anos depois: 

7. A primeira a pisar no sambódromo no Grupo Especial

Um sorteio deu à Unidos da Tijuca a honra de ser a primeira escola a desfilar pelo Grupo Especial no ano da inauguração da Passarela do Samba em 1984. Era a primeira vez que o desfile seria realizado em dois dias. Foi também a única vez em que a apuração oficial foi feita levando em consideração apenas as escolas de cada dia, ou seja, a Tijuca, disputou apenas com Império da Tijuca, Caprichosos, Salgueiro, Ilha, Portela e Império Serrano, que desfilaram domingo de carnaval.

O desfile da Tijuca em 1984 inaugurando o Grupo Especial como o conhecemos hoje: 

A Tijuca está louca para apagar o tropeço de 2017 quando o grave acidente em uma de suas alegorias deixou vários feridos e tumultuou todo o desfile, fazendo a escola acabar a apuração num injusto penúltimo lugar à frente do Tuiuti. Em 2018, a escola canta a vida de Miguel Falabella.

Ouça o samba da Tijuca 2018: AQUI

29 de dez de 2017

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