Música chega com força entre os primeiros enredos de 2017

 

A definição de um enredo é o início de todo aquele espetáculo que nos acostumamos a amar chamado escola de samba. Geralmente, é decisão tomada em bibliotecas, museus, escritórios. Com o investimento envolvido, trata-se, na prática, de uma decisão de negócio. Para os torcedores de cada escola e os admiradores do Carnaval, sempre que um enredo é divulgado, parece estarmos vendo aquela fumacinha branca saindo de uma determinada chaminé.

As homenagens biográficas têm longa tradição no samba carioca, mas ganharam força especial dos anos 80 pra cá. Especialmente depois de um ano em que Bethânia foi consagrada pelo desfile verde-e-rosa, é natural que as escolas voltem seus olhos para possíveis temas nesta seara.

bookers_Blog_Abr20_2016

 

Incomodada com o relativo fracasso do desfile desse ano, a Grande Rio resolveu fazer uma aposta na simpatia. Logo anunciou como tema a cantora Ivete Sangalo com festa na quadra e tietagem até do presidente da escola. Carisma não falta à cantora baiana que, se não tem história no samba, é badalada e isso conta muito na promoção da escola na mídia antes do carnaval.

Outra que vai recorrer à música em 2017 é a Estácio de Sá. Injustamente rebaixada para a Série A, a vermelho e branca vai fazer uma homenagem ao cantor Gonzaguinha (1945-1991), filho do grande Luiz Gonzaga, e autor de músicas que ainda hoje são atualíssimas. Num lance muito simpático, a Estácio pediu ajuda ao público que a ajude a escolher o nome do enredo. Se você quiser participar, pode votar aqui: http://goo.gl/xz8c4Z

Entre as funções do enredo está a de ser uma espécie de cartão de visitas da escola ao longo da “campanha do carnaval”. E simpatia para o público e os jurados é um fator nada desprezível. Daí o acerto da Porto da Pedra. O Tigre de São Gonçalo cantará as marchinhas, seguindo na linha leve que adotou esse ano com a homenagem ao palhaço Carequinha.

Campeã da Série A, a Paraíso da Tuiuti precisava de um enredo forte para encarar a ingrata tarefa de ser a novata do Grupo Especial, geralmente candidata preferida dos jurados ao rebaixamento. A escolha não poderia ser mais apropriada. Os 50 anos da Tropicália.

Cantores ou gêneros musicais podem ser simpáticos mas não são garantia de sucesso no desfile. A Mangueira, que se deu bem com Bethânia, quase foi rebaixada em 1994 quando homenageou os Novos Baianos, apesar do refrão popular. A Beija-Flor venceu com Roberto Carlos (em 2011) e a Tijuca com Gonzagão (2012). Já a Vila ficou em 4º com Noel Rosa e a Mocidade se atrapalhou toda com um enredo estapafúrdio sobre o Rock in Rio.

Enredos são um pouco como roteiros de filme. Mesmo que a ideia seja boa, para funcionar, precisa ser bem desenvolvido. É esperar pelas sinopses. Será 2017 um ano bom para a música na Sapucaí? Aparentemente, sim.

Não custa nada lembrar os últimos desfiles campeões com cantores como enredo.

UNIDOS DA TIJUCA 2012

BEIJA-FLOR 2011

22 de abr de 2016

COMENTÁRIOS