Mocidade tem currículo de contribuições para a história do Carnaval

Se não fosse por mais nada, a turma da verde e branco de Padre Miguel mereceria nossa gratidão por ter inventado as paradinhas de bateria. Mas tem muito mais…

Neste dia 10, a Estrela Guia de Padre Miguel faz aniversário. A Mocidade Independente, que nasceu time de futebol e depois entrou no samba durante algum tempo era chamada de uma bateria que tinha uma escola de samba.

A fama da bateria deve-se a José Pereira da Silva, ou Mestre André. Durante o desfile de 1959, ele escorregou e os ritmistas pararam de tocar. Ele levantou, deu um rodopio e apontou para o repique, que entrou no tempo certo do samba, dando a impressão de que tinha sido combinado. Assim estava criada a “paradinha” da bateria.

Este vídeo mostra um pouco mais sobre a história da Mocidade:

Se Clara Nunes puxou Ilu Ayê na Portela, Elza Soares dividiu o microfone com o grande puxador Ney Vianna entre 1974 e 1976.

Se a Beija-Flor tinha tirado Joaosinho Trinta do Salgueiro e era a atual tricampeã, a Mocidade tinha outro grande nome do carnaval Arlindo Rodrigues. Para o ano de 1979, ele optou por um enredo mais tradicional sobre o Descobrimento do Brasil, em oposição ao crítico e delirando O Paraíso da Loucura, da escola de Nilópolis. E foi a primeira estrela para a galeria de título da Mocidade. A bateria nota 10 de Mestre André ganhou uma escola de samba, para quem ainda tivesse dúvida. Infelizmente, no ano seguinte, Mestre André morreria prematuramente.

A Mocidade viveu ainda dois períodos distintos de glória. Um deles começou em 1983 o “tropicalista” Fernando Pinto criou o excelente Como Era Verde o Meu Xingu. Dois anos mais tarde, a escola chocaria a avenida, no bom sentido, com um desfile luminoso, com monstros espaciais e foguetes, debaixo de um sol de 11h do verão carioca. Ziriguidum 2001 foi a entrada definitiva da Mocidade no time das grande escolas.

O Zirguidum:

O outro se deve a Renato Lage e Lílian Rabelo, que chegaram em Padre Miguel em 1990, logo com um campeonato, e estabelecendo uma estética mais clean, com intenso uso de materiais mais leves e muito neon, num tom futurista, mas diverso daquele proposto por Fernando Pinto, falecido em 1988. Lage seria bi no ano seguinte e durante seu “reinado” à frente da escola, a Mocidade sempre esteve nas cabeças. Ele só deixou Padre Miguel após o carnaval de 2002.

E o Vira Virou, A Mocidade Chegou (1990):

Depois de anos problemáticos e resultados discretos, que contou com desfiles esquecíveis, a Mocidade voltou ao topo em 2017, partindo de um samba que transformou um enredo fraco sobre o Marrocos. A comissão de frente e seu Aladim voador conquistaram a avenida e fizeram a escola passar com energia. O vice-campeonato apurado no Carnaval virou um título depois que a escola detectou um equívoco de um jurado nas justificativas de uma nota 9.9.

A Mocidade é assim: torcida apaixonada, intensa, de grandes vitórias e naufrágios sofridos como o belo desfile de 1999 sobre Villa Lobos que foi aclamado pelo público, mas penalizado em evolução pelos jurados.

Salve a Mocidade.

10 de nov de 2017

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