Imperatriz Leopoldinense foi primeira a anunciar enredo pro Carnaval 2019

O Carnaval 2019 já começou pra valer: a primeira escola a anunciar seu enredo no Grupo Especial foi a Imperatriz Leopoldinense. Me Dá Um Dinheiro Aí é o título escolhido, ainda sem sinopse, mas já é um primeiro indício de que os tempos estão mudando lá pelas bandas de Ramos.

A Imperatriz, desde 2014, vinha apresentando sambas de qualidade, temas que chamam a atenção, como o do Xingu, em 2017, ou a homenagem a uma dupla sertaneja no ano anterior. Mas as apresentações acabavam ficando sempre abaixo do esperado e ficava de fora inclusive do Desfile das Campeãs, algo impensável há alguns anos para a escola, que obteve a maioria dos seus títulos entre 1994 e 2001.

Em 2018, a verde e branco tinha outro belo tema, os 200 anos do Museu Nacional, além de outro samba delicioso. Só que mesmo antes de entrar na avenida, o clima parecia estranho. O carnavalesco Cahê Rodrigues chegou a dizer pela imprensa que não tinha conseguido colocar seu projeto de enredo totalmente em prática.

A coisa piorou depois que o abre-alas da escola entrou na avenida e um mecanismo quebrou impedindo que a coroa, símbolo maior da escola, subisse ao topo da alegoria. É mais ou menos como a Portela desfilar sem águia. Um banho de água fria! O mal estar prosseguiu depois da apresentação. Na Quarta de Cinzas, a Imperatriz acabou na oitava colocação.

O último trabalho de Monteiro, na Imperatriz em 2013:

A notícia que todos esperavam só veio algum tempo depois do Carnaval. A escola rompeu com Cahê Rodrigues, que assinava desfiles desde 2014. Só na semana retrasada, no final de março, foram anunciados os substitutos: Mário Monteiro e sua mulher, Kaká.

Monteiro, que é cenógrafo da Globo, não é um estranho no Carnaval; ele foi o carnavalesco responsável pelo único título da Estácio de Sá no Especial, em 1992, com o enredo Paulicéia Desvairada, sobre a Semana de Arte de 1922. Depois fez carnaval na Portela e já trabalhou, na própria Imperatriz, em 2013, quando a escola falou do Pará e acabou na quarta colocação.

Segundo o carnavalesco, o enredo da escola vai contar a história do dinheiro e a relação de amor e ódio que a humanidade tem com ele, a ambição que desperta. Tudo num tom atual e crítico, pontuado de bom humor. “O dinheiro é o que move muitas relações e às vezes é mal utilizado”, lembrou Monteiro em entrevista recente ao site Sambarazzo.

Claro que o enredo também passará pela época de vacas magras vivida pelas escolas de samba e dará uma espetada em nossos políticos.  Monteiro deve utilizar sua experiência em cenografia para “tirar leite de pedra” e fazer um conjunto alegórico menos irregular do que tem sido os últimos apresentados pela Imperatriz. Quando ele estava à frente do barracão em 2013 a verde e branco teve sua melhor colocação da década.

O tema do dinheiro e ambição não chega a ser original. O Salgueiro falou dele em 1988 com o enredo Em Busca do Ouro, mas em uma abordagem mais histórica do que promete a Imperatriz para o ano que vem. Boa sorte pra Rainha de Ramos.

Maior momento de Mário Monteiro no carnaval, o desfile da Estácio de 1992, em parceria com Chico Spinoza:

06 de abr de 2018

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