Esconjuro, pé de pato, magalô, três vezes, o azar no Carnaval

Eu me lembro de estar, por coincidência, em um Halloween em Nova York, há muitos anos. Um canal de TV local transmitia debaixo de chuva grupos esparsos de pessoas fantasiadas desfilando em uma rua escura. A comparação com o Carnaval do Rio foi inevitável. Logo me veio à mente o desfile da Mocidade em 1986.

No ano depois de ir para o espaço e ao título com um desfile futurista, a verde e branco falou de Bruxarias e toda a sorte de superstições do Velho e do Novo Mundos. Havia uma desconfiança enorme com este desfile, afinal falar de gato preto e sexta-feira 13, saci, bruxas, não era exatamente um tema “agradável”. A escola não fez um desfile brilhante, mas lá estavam as criaturas da noite.

Levando em conta o nível de improvisação e a relativa escassez de ensaios para a magnitude do espetáculo, é incrível que tudo dê certo quando as escolas entram na avenida. Mas há vezes que não dá. Aqui vai uma lista de acidentes conhecidos ao longo da história dos desfiles.

 

1. No carnaval de 1980, um destaque conhecido, Mauro Rosas, desfilava na Unidos de São Carlos, atual Estácio de Sá, quando despencou no meio da avenida do alto do carro alegórico. A queda foi de cerca de 4 m de altura e o impacto fez com que quebrasse costelas e perfurasse o pulmão. Ele não teve sequelas apesar do susto. O acidente faria o regulamento proibir destaques vivos no Carnaval de 1982.

 

2. A Mangueira em 2017 fez um enredo sobre a religiosidade dos brasileiros em que pedia aos santos o bicampeonato. O pedido não foi atendido, porque um carro enganchou no meio da avenida, abrindo um buraco na escola. Mas o estrago foi pequeno em relação a 1990. A escola fazia um desfile aclamadíssimo, o público enlouquecido, mas um carro emperrou e colocou água no chopp da “vitória” da verde e rosa. Ela estourou o tempo e o regulamento penalizou a escola em cinco pontos.

No vídeo, a partir de 1h10, você vê o carro emperrar e a partir daí as alas passando por ele.

 

3. O momento mais dramático foi vivido pela Viradouro em 1992. A escola fazia um belo desfile sobre os ciganos. Com um samba que era cantado com entusiasmo pela avenida. Até que um carro deslumbrante sobre a rússia foi lambido por um incêndio em pleno desfile. O público ficou atônito, mas o desfile não parou e chegou ao fim do jeito que deu.

A transmissão da TV só se dá conta do incêndio no carro aos 7 minutos.

 

4. Um dos símbolos mais esperados nos desfiles, a Águia da Portela viveu momentos muito tristes no desfile de 2005. Na véspera, uma parte do abre-alas pegou fogo. E além disso, por um erro da diretoria, não foi possível montar as asas do abre-alas que passou como uma galinha. Pior, a escola correu muito por problemas de evolução, abriu buracos e a velha guarda acabou não podendo desfilar, porque o portão foi fechado antes do carro entrar pra escola além de todos os problemas não estourar o tempo. Esse desastre quase custou o rebaixamento à escola, que ficou em penúltimo lugar.

Aos 10 minutos é possível ver os funcionários tentando montar as asas e no final, a 1h27, aparece a decisão do presidente de fechar o portão, barrando a velha guarda, que desfilou sem som, aplaudida pela plateia.

 

5. No carnaval 2017, a bruxa estava solta de verdade. No sábado de carnaval, a porta-bandeira da Unidos de Padre Miguel torceu o joelho e despencou em pleno desfile. No domingo, a Tuiuti manobrou errado um carro e provocou ferimentos em jornalistas que cobriam o desfile na concentração. Ainda mais impressionante foi a alegoria da Tijuca, que despencou com os componentes, provocando um desfile trágico do ponto de vista de evolução.

Desde o início da transmissão há a repercussão sobre o acidente no carro da Tijuca e por volta de 5 minutos aparece a imagem mais clara.

 

Vamos esperar que em 2018 a bruxa só saia de casa no Halloween mesmo.

27 de out de 2017

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