Escolas de segunda fazem boa apresentação e embolam briga pelo título

Salgueiro – Foto: Fernando Grilli | Riotur

A segunda noite do Grupo Especial no Sambódromo dividiu muitas opiniões, o que significa uma coisa: seja qual for a decisão do júri oficial, vai ter muito protesto. Tivemos mais seis desfiles e as opiniões se dividem entre as escolas que foram bem e as que erraram.

A mídia especializada abraçou o enredo do Salgueiro, tido como o melhor desfile da noite. No momento em que escrevo esse texto, já foi divulgado que a escola venceu (mais uma vez!) o Estandarte de Ouro de Melhor Escola. O enredo Senhoras do Ventre do Mundo agradou em cheio quem prefere as escolas de samba falando de suas raízes.

A vermelho e branco da Tijuca, quarta a desfilar, ignorou a crise e veio suntuosa como nenhuma outra este ano para contar a saga das mulheres negras ao longo da história, suas heroínas e guerreiras. O carro de maior impacto foi a pietá negra, que encerrou o desfile. Algumas alegorias, no entanto, tinham problemas de acabamento e o samba foi utilitário ao desfile, sem empolgar a avenida.

Beija-Flor – Foto: Gabriel Monteiro | Riotur

Já a Beija-Flor dividiu opiniões, num ano em que a crítica político-social voltou ao Sambódromo. Seu enredo sobre as mazelas do Brasil e como tratamos nossa juventude foi muito criticado, principalmente por quem enxergou na menção ao escândalo na Petrobras (uma das alegorias era uma reprodução do prédio da estatal) uma crítica desagradável à esquerda.

A escola cantou um dos sambas mais emocionantes de que me lembro em muitos anos de avenida. Tocante, melodioso, triste, um lamento. Muita gente que estava dormindo no Sambódromo, passou a cantar a boa música da escola enquanto as alas que passavam respondiam igualmente tocadas pela interação. O carro em que mães velam jovens mortos por conta da violência foi de cortar o coração.

Imperatriz – Foto: Dhavid Normando

A Imperatriz teve uma passagem discreta. O ótimo samba da escola sobre os 200 anos do Museu Nacional não rendeu tanto quanto se esperava. A escola também teve erros de evolução, tendo ficado parada durante um tempo. O trabalho alegórico estava irregular, com algumas soluções que destoavam do conjunto da escola, que tinha tudo pra fazer um desfile muito interessante.

União da Ilha – Foto: Gabriel Monteiro | Riotur

Trabalho alegórico foi o maior destaque da Ilha. A saga de Severo Luzardo sobre as tradições culinárias do Brasil foi contada com o bom humor que se espera da escola, mas de forma absolutamente grandiosa. O carro abre-alas parecia saído da prancheta de Joãosinho Trinta, tamanha a suntuosidade. O samba foi a nota fraca da noite, apesar de a escola ter cantado e a bateria feito uma bossa que atiçou o público no meio da avenida.

Unidos da Tijuca – Foto: Gabriel Monteiro | Riotur

A noite foi aberta pela Tijuca com sua homenagem a Miguel Falabella. O samba fraco não empolgou o público, mas a escola trouxe um chão bastante forte, com os componentes cantando bastante. Os momentos de comunicação ocorreram com a passagem de artistas que marcaram presença na carreira de Falabella, como Arlete Salles e Aracy Balabanian e do próprio. As alegrorias estavam mais simples enquanto concepção quando comparadas com escolas da Série A como Viradouro ou Unidos de Padre Miguel.

Portela – Foto: Gabriel Monteiro | Riotur

Já o casamento entre Portela e Rosa Magalhães produziu uma história interessante que foi contada com fantasias de nível impressionante no esmero, a ponto de uma fantasia de cactus ter espinhos, ou os bisões da colônia de Nova Amsterdã, pra onde foram os judeus expusos do Brasil por causa da inquisição portuguesa. Apesar do sistema de som abaixo da crítica, a azul e branco cantou bastante o seu samba, que foi muito bem e empolgou os setores populares.

Apontaram problemas de acabamento em alguns carros, como o do simpático tatu do sertão que tinha uma estrutura para abrir e fechar a carapuça para revelar animados plantadores de cana.

A falta de consenso sobre quem foi bem ou mal prova que o resultado está em aberto e só na Quarta-Feira de Cinzas teremos a resposta.

13 de fev de 2018

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