Escolas da Série A iniciam hoje a maratona carnavalesca no Sambódromo

Chegou o Carnaval! A partir de hoje a velha Marquês de Sapucaí vira o centro do universo pra quem ama a maior manifestação popular do Brasil. A partir de 22h30 desta sexta-feira, a rua se transforma em Passarela do Samba para as agremiações da Série A.

Se no Grupo Especial, há agremiações com orçamento apertado, as escolas do Grupo de Acesso vão pra avenida fazer o Carnaval da superação. A preparação foi bastante prejudicada pela Prefeitura, que atrasou o repasse de recursos até o último instante, mas nem tudo são espinhos: há vários bons enredos e a safra de sambas conta com algumas pérolas e obras muito gostosas de se ouvir e cantar.

A primeira das seis escolas da noite é a Unidos de Bangu com o enredo A Travessia da Calunga Grande e a Nobreza Negra no Brasil sobre as tribos africanas que foram escravizadas e trazidas para o país, um mergulho na história do continente africano. A escola tem um samba que caiu no gosto dos especialistas e tenta superar a memória da última vez em que desfilou na Série A, em 2015, quando sofreu com uma apresentação atribulada por problemas na preparação do carnaval.

Em seguida vem a Império da Tijuca, que vai homenagear Omulu, um orixá sem a mesma popularidade de outros como Iemanjá, Ogum e Iansã. O samba tem refrão forte e  tem crescido muito nos ensaios da escola do Morro da Formiga.  A escola vai apresentar algumas esculturas com movimento e promete uma apresentação competitiva para o enredo Olubajé – um Banquete para o Rei, de Jorge Caribé.

A terceira da noite será a Acadêmicos do Sossego, a primeira das três escolas de Niterói que estão na Série A. Em busca de se firmar no grupo, a azul e branco vai falar dos rituais sagrados e pretende fazer uma apresentação ainda mais segura, dentro das limitações de recursos comuns a quase todas este ano. Ritualis vai ser apoiado por outro samba muito elogiado da safra do Acesso.

Em seguida, o clima fica nostálgico, com a Porto da Pedra. O Tigre vai cantar o enredo Rainhas do rádio – Nas ondas da emoção, o Tigre coroa as divas da canção de autoria de Jaime Cezário, que é uma homenagem ao rádio, veículo que “fabricou” os primeiros ídolos do Brasil. Pelo terceiro ano consecutivo, a escola traz um tema popular e de fácil leitura para o público.

A Renascer de Jacarepaguá mais uma vez apresenta um enredo de alta relevância cultural e um samba bastante forte para o desfile. Renascer de flechas e lobos celebra os 60 anos de Floresta do Amazonas, uma suíte sinfônica do compositor Heitor Villa-Lobos que vai permitir à escola falar sobre a região, sua fauna e flora com abordagem diferente, segundo os carnavalescos Alexandre Rangel e Raphael Torres. Como se a falta de recursos não fosse importante, a Renascer ainda teve parte da estrutura de seus carros destruída durante um incêndio em seu barracão, na zona portuária do Rio, mas garante que o maior problema foi a inacreditável demora da Prefeitura em repassar a subvenção.

Encerrando a noite, a Estácio de Sá traz outro enredo com grande potencial de comunicação com o público. De autoria de Tarcísio Zanon, No Pregão da Folia Sou Comerciante da Alegria e Com A Estácio Boto Banca na Avenida, propõe uma viagem divertida pelos mercados populares do Rio de Janeiro que começa com a chegada de Estácio de Sá e seu escambo de bugigangas com os índios em troca de apoio contra a invasão francesa. O samba não está entre os preferidos do ano, mas a escola tem um chão forte e pode facilmente fazer uma apresentação fortíssima para disputar título.

09 de fev de 2018

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