Confesse: você já está sofrendo de tensão pré-carnaval?

Estamos a menos de 15 dias do Carnaval 2018. Tem gente que se programa pro feriado, pensa em como improvisar mais de uma fantasia nos blocos ou vê pacotes de última hora pra bem longe da folia. Já os apaixonados pelo universo das escolas de samba – se é que já não estão há mais tempo – entram em um estado que eles mesmo batizaram como “tensão pré-carnaval”.

A “síndrome” consiste em uma espécie de fome insaciável de informações a respeito das escolas de samba. Ouvem todo e qualquer debate com especialistas, semi-especialistas ou, de preferência, com os arquitetos da folia, os carnavalescos e diretores de carnaval das escolas de samba.

Em 2018, há um fator extra adicionando adrenalina à TPC: a falta de grana. Por isso, circulam freneticamente por grupos de Whatsapp e em outras redes sociais fotos de solslaio dos barracões, em que dá pra ver uma escultura aqui, um pedaço de carro ali. Com isso, já se sabe que a Mocidade terá uma índia entre suas alegorias, que um dos carros da Portela é um navio pirata, que a Vila Isabel terá fantasias de ala com mecanismos giratórios.

A falta de ensaios técnicos na Sapucaí também não contribuiu para aplacar a sede dos sambistas. Afinal, as apresentações eram interpretadas como um termômetro do ânimo de cada escola para o Carnaval. A lógica: escolas mais animadas estão com barracão bom, confiantes; escolas que “não passam bem” no ensaio técnico já tinham sua “nota de avaliação de risco” rebaixada, uma espécie de Moody’s ou Standard & Poor’s carnavalesco. Com isso, os sambistas ficaram sem muito parâmetro e, como segredo costuma ser a alma deste negócio, deve haver mais surpresas na avenida que de costume.

Sente o swing no ensaio da bateria da Imperatriz na Sapucaí:

A TPC também precipita uma série de rankings feitos pela imprensa carnavalesca e pelos próprios torcedores das escolas. O primeiro é o samba-enredo, que já está rodando na “praça” desde outubro. Há um certo “consenso” de que Beija-Flor, Tuiuti e Mocidade (a ordem varia de acordo com o especialista) têm os melhores do ano. Só que quem já presenciou ensaios da Imperatriz, da Portela, da Mangueira sabem que não dá pra dizer quem vai tirar 10. Afinal, no ano de 2017, 11 de cada 10 especialistas ou fãs do carnaval torciam o nariz para o samba da Grande Rio sobre Ivete Sangalo e ele faturou as 3 notas 10 necessárias e o da Beija-Flor, considerado o melhor do ano, perdeu 0,1.

Ensaio de canto da Portela registrado pelo site Rio Carnaval.com:

Outro frenesi é andamento de barracões: escola A está com carros no ferro e madeira ainda; escola B está quase pronta, podia desfilar hoje. Na Série A, o Grupo de Acesso, a situação de penúria é ainda mais séria porque o jogo duro do bispo prejudicou muito o fluxo de caixa das escolas. O carnavalesco da Rocinha, Marcus Ferreira, pediu ajuda nas redes sociais, de doação de materiais específicos, para ajudar na construção de uma de suas alegorias.

A Vila Isabel, que tem Paulo Barros à frente de seu carnaval, é uma das mais movimentadas. Primeiro porque os ritmistas da bateria estão às turras com o diretor, que quer imprimir um andamento um pouco mais veloz. Pra ajudar, Paulo Barros dispensou o coreógrafo da comissão de frente (assim como fizera na Portela ano passado) semanas antes do desfile. Mas não tire a Vila da bolsa de apostas. Afinal, Paulo Barros tem grife com os jurados e é um dos poucos carnavais deste ano com financiamento certo.

Salgueiro e Ilha são duas escolas pouco faladas no início da preparação do carnaval, afinal tinham sambas menos badalados. Mas quem já visitou os barracões, afirma que vão se apresentar muito bem. O Salgueiro está muito feliz, porque adora enredos sobre a cultura negra, e a Ilha quer mudar de patamar, ser prato principal e não acompanhamento, como já afirmou seu carnavalesco, Severo Luzardo, em outros termos.

Registro de ensaio de rua da Ilha feito pelo site Carnavalesco:

Uma das incógnitas é a Beija-Flor. A proposta estética do desfile do ano anterior naufragou na avenida, sobretudo no quesito fantasias. A escola, mais uma vez, tem um samba fortíssimo e, ao lado do Tuiuti, o enredo mais político do ano.  A Deusa da Passarela é sempre referência e as pessoas ficam tentando adivinhar o que vem por aí a partir de pedaços de alegorias – é bom lembrar, que muitos carros alegóricos são montados por completo na concentração. A Beija encerra o desfile oficial 2018. Há muita expectativa de sua comunidade por esse desfile.

A animosidade entre torcedores de Portela e Mocidade arrefeceu nos últimos tempos, especialmente depois que a verde e branco foi recebida com todas as honras na quadra da Águia. As duas travam um duelo particular: qual das campeãs de 2017 chegará à frente da outra neste carnaval. Portelenses nunca digeriram a forma como o título foi dividido. Os independentes sempre provocam que ou era divisão ou o título só deles. Controvérsias à parte, Padre Miguel encerra o domingo, mesma posição em que ganhou em 1996. A Portela na segunda-feira. Por via das dúvidas, o regulamento da Liesa reforçou: não haverá recurso possível na apresentação das justificativas das notas dos jurad