Caco Antibes e Ruço são “armas” da Tijuca para animar o público no Carnaval 2018

A Unidos da Tijuca prepara um enredo de apelo popular para o Carnaval 2018: Um coração urbano: Miguel, o arcanjo das artes, saúda, o povo e pede passagem. A azul e ouro vai contar a vida do ator, escritor, dramaturgo e carnavalesco Miguel Falabella imortalizado por tantos personagens cômicos e até por sua relação com o carnaval, que vem desde a infância.

Tudo o que a Tijuca mais deseja é apagar a catástrofe de seu desfile em 2017. Preparada para disputar o título, a escola viu seu sonho literalmente despencar com uma plataforma de um carro alegórico que feriu dezenas de destaques e fez seus 76 minutos de desfile parecerem um cortejo fúnebre, tamanha a tensão dos componentes. Na quarta-feira de Cinzas, a escola virou alvo de desconfiança com a virada de mesa que cancelou o rebaixamento antes da apuração e com as notas imerecidas recebidas em quesitos totalmente prejudicados pelo acidente.

 

Reveja os momentos de angústia que viveu a Tijuca em 2017:

 

Por essas e outras a escolha do tema, se não tem o mesmo peso de outros enredos no quesito cultural, como Imperatriz e São Clemente, ou crítico como Mangueira, Portela, Tuiuti e Beija-Flor, tem potencial de comunicação com a plateia da Sapucaí.

A sinopse assinada pelos membros da comissão de carnaval Annik Salmon, Hélcio Paim e Marcus Paulo com texto de Igor Ricardo explora a veia multimídia de Falabella para desenvolver o enredo de forma acadêmica e superficial, dividindo os setores com trechos de artigos do próprio homenageado, extraídos das colunas que escreveu para o jornal O Globo.

A abertura mostra o ator ainda criança, comparado ao Pequeno Príncipe em seus jogos de infância em uma ilha da Baía de Guanabara. Adolescente, o “príncipe” entra em contato com o mundo do teatro através do Tablado, escola de Maria Clara Machado, uma das mais importantes autoras de obras infantis, como  Pluft, o Fantasminha e O Cavalinho Azul.

No segundo setor, a escola lembra que Falabella é formado em Letras e, a partir daí, desenvolveu sua veia de dramaturgo, escritor, colunista que são usados principalmente em favor do humor popular, o que dá a deixa para entrar no terreno da “Máquina de Fazer Doido: a televisão” e seus personagens inesquecíveis como Caco Antibes, de Sai de Baixo, o de Toma Lá, Dá Cá, ou de Pé Na Cova ou nas novelas de sua autoria como Salsa e Merengue.

O desfile vai percorrer ainda sua produção nos musicais de teatro em espetáculos como O Homem de La Mancha, Hairspray e Gaiola das Loucas para chegar enfim a sua relação com o Carnaval. Falabella escreveu ainda se lembrar de assistir nos ombros do pai aos desfiles de Grandes Sociedades, as precursoras das escolas de samba, que desfilaram até os anos 1970.

Além de desfilar por diversas agremiações, inclusive a Unidos da Tijuca, ele atuou como carnavalesco no Império da Tijuca entre 1993 e 1996, neste último ano estreando no desfile principal. Em 1997, assinou a primeira apresentação da Acadêmicos da Rocinha no Grupo Especial, que falava a respeito dos personagens da Disney. Aquele era o primeiro ano no qual as escolas seriam dispensadas de abordar temas exclusivamente brasileiros.

 

Veja cenas do desfile da Rocinha em 1997

 

e Império da Tijuca 1996

 

A posição de desfile da Tijuca, 1ª de segunda-feira e o tema simpático ao público devem garantir uma apresentação sem grandes sobressaltos à escola, dando-lhe tempo para se recuperar do susto que tomou este ano. Só não vejo muita condição de a escola entrar na briga pelo título como vem fazendo quase sempre desde 2004 quando assombrou a Sapucaí com as criações de Paulo Barros.

18 de ago de 2017

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