Beija-Flor fatura seu 14º título de campeã do Carnaval do Rio

Foi sofrido, foi decidido no terceiro jurado do último quesito, mas a Beija-Flor de Nilópolis conseguiu um título de certa forma surpreendente, o 14º da sua galeria e o nono em 20 anos. A escola trouxe um protesto contra os problemas brasileiros, a desigualdade social, a violência, a corrupção.

A apresentação da Beija-Flor teve uma arma poderosa, o seu samba-enredo, cantado com muita força pelos componentes. Mas em aspectos plásticos, a escola trouxe uma proposta realista e pouco carnavalizada, quase um espetáculo teatral, que foi mal recebido por muitas pessoas que acompanham os desfiles. Só que o público amou e cantou junto com a azul e branco. Isso certamente contribuiu para a generosidade dos jurados em quesitos que a escola não foi bem como enredo.

A grande surpresa, no entanto, foi o vice-campeonato do Paraíso do Tuiuti, que fez um desfile poderoso, também ancorado em um grande samba-enredo, pedindo a libertação do “cativeiro social” em que os negros foram colocados depois da Lei Áurea. Poucos acreditavam que os jurados fossem dar notas justas pelo pouco peso da bandeira da escola. Provavelmente, o fato de o desfile ter alcançado repercussão mundial tenha influído na hora de fechar as notas.

O terceiro lugar ficou com o favoritíssimo Salgueiro, que repete assim a posição do ano passado com seu tema sobre as mulheres negras. A vermelho e branco chegou a estar na frente até o quesito fantasias, mas perdeu em samba-enredo para o furacão nilopolitano. Este, no entanto, foi um quesito mal jugado, visto que composições bem fracas foram menos penalizadas e algumas que passaram bem na avenida como Portela e Salgueiro perderam décimos preciosos.

A quarta colocada foi a Portela, que tomou uma ducha de água fria depois de ser aclamada nas arquibancadas populares do Sambódromo. A Águia começou liderando a apuração, mas perdeu pontos em comissão de frente, alegorias, fantasias (esta, de forma estranha), e samba, na comparação com outras escolas.

Mangueira, outra favorita, ficou com a quinta colocação e começou a se afastar da disputa logo em comissão de frente. O enredo contra Crivella e por um carnaval mais popular não caiu no gosto dos jurados.

A Mocidade que saíra cabisbaixa do desfile, conseguiu garantir um sexto lugar e voltar nas Campeãs, graças em grande parte pelo desempenho de sua bateria e samba-enredo. Foram estranhas as notas para o enredo e alegorias, estas com visíveis problemas de acabamento e concepção e pouco penalizadas.

As rebaixadas foram Império Serrano e a poderosa Grande Rio, que sofreu no desfile por causa de uma quebra de carro, desorganizando todo o enredo e a evolução. Especulou-se até que houvesse outra virada de mesa, como no ano anterior. Em 2019 ambas desfilam na Série A, que voltará a ter 14 escolas e o Grupo Especial com 12.

A campeã da Série A foi a Viradouro, com 269,7 pontos, três décimos à frente da Unidos de Padre Miguel. A Viradouro trouxe um enredo confuso, mas com ótimas fantasias e alegorias. A vermelho e branco de Niterói só perdeu pontos em samba-enredo. Já a UPM foi bastante penalizada em evolução, o que parece exagerado e comissão de frente, que realmente teve problemas. A Acadêmicos do Sossego, também de Niterói, foi a última colocada e desfilará ano que vem na Intendende Magalhães na Série B.

16 de fev de 2018

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