Após ter afetado resultado na Série A e no Especial, setor 6 perde cabine dupla

Madrugada de sábado para domingo de carnaval, a Sapucaí maravilhada com um desfile belíssimo, empolgado e até então irretocável da Unidos de Padre Miguel. A porta-bandeira se apresentava diante dos jurados na altura dos setores 6 e 7. De repente, desaba no chão. Desesperada, não consegue se mover, é carregada por bombeiros. O mestre-sala carrega a bandeira enquanto espera a segunda porta-bandeira chegar para empunhar o pavilhão oficial até o final do desfile.

O drama acompanhado pelo público, consternado e surpreso, não impediu a UPM de fazer um desfile forte, de quem briga para ser campeã. Mas Jéssica Ferreira caiu justamente no setor 6, onde havia uma cabine dupla de jurados, novidade do Carnaval 2017. Dobro de julgadores, prejuízo ao quadrado. As notas, como esperado, prejudicaram bastante a escola que acabou em quatro lugar.

Relembre o tombo da porta-bandeira:

No Grupo Especial, a velha Manga fazia apresentação de encher os olhos dos especialistas, samba pegando na veia, armava-se outra Mangueirada na Sapucaí. Mas o eixo do carro quebrou, fazendo-o travar na pista. As alas se adiantaram e abriu-se um enorme claro na evolução. Adivinha onde? Em frente à cabine do setor 6. Resultado: Mangueira em 4º lugar.

Os dois incidentes foram simbólicos do quanto a experiência da cabine dupla de jurados é perigosa. A ideia era tornar o desfile mais fluído, num ano em que a escola tinham perdido 7 minutos de apresentação por acordo com a TV. Como os prejuízos técnicos foram maiores que os de ordem de cronometragem, tanto a Liesa (que coordena o Grupo Especial) como a Liesga (organizadora da Série A) desistiram da ideia: em 2018, haverá só uma cabine no setor 6 e outra no 8.

Houve gente que tivesse defendido que tanto UPM como Mangueira deveriam ter vencido mesmo assim. Visão romântica, que corresponderia a rasgar o regulamento, porque não foi nem a primeira nem a última vez que erros na frente dos jurados ou dos próprios jogam foram campeonatos.

A fantasia que nunca passou

Ainda no “zicado” Carnaval 2017, um jurado tirou ponto de enredo da Mocidade por uma fantasia que estava faltando, mas que fora retirada do roteiro de desfile e, portanto, não iria passar mesmo. A confusão provocou uma reviravolta no resultado, como todo mundo sabe.

O Jurado que dormiu

Um samba famoso de Martinho da Vila cobrava o amigo Chico Buarque que foi jurado do desfile em 1967 e teria cochilado durante o desfile da Vila Isabel. Na verdade o incidente virou um samba de protesto chamado “Caramba”. Ouça o samba: (a partir de 4 min)

O fator Neiva

No Carnaval de 1983, um jurado chamado Messias Neiva avaliou alegorias e adereços e foi decisivo como poucos na história dos resultados. Ele deu nota 10 apenas para a Beija-Flor, 8 para a Imperatriz e 6 ou menos para todas as demais escolas. Depois confessou que mal se lembrava dos enredos… A escola de Nilópolis foi campeã com 3 pontos à frente da Portela.

A esquecida

Marina Montini era jurada de conjunto no carnaval de 1987 e na hora de preencher o mapa errou e só deu uma parte da nota, distribuindo 4 e 6 pra todo mundo. Pior, esqueceu de dar qualquer nota pra Mocidade, favorita do público com o enredo Tupinicópolis. Mas anotou: “Todas estavam lindas, mas a Mocidade merece”. Isso foi interpretado como nota máxima. Mesmo assim, a Mocidade perdeu pra Mangueira o título daquele ano.

Desafiou o regulamento e se deu mal

No longínquo carnaval de 1939, as escolas desfilavam na Praça Onze e todos esperavam o desfile da Vizinha Faladeira. Estava para as escolas da época o que a Beija-Flor é hoje, conhecida pela opulência e ousadia. Havia ganho o concurso anterior e disputava o bicampeonato. Apresentou o enredo Branca de Neve e os 7 Anões e encantou a todos ao trazer uma comissão de frente montada em cavalos. Em vez de trofeu, ela ganhou a declassificação pela ousadia de apresentar um tema estrangeiro, proibido pelo regulamento. Em 1940, voltaria a desfilar. Mas antes de chegar diante dos jurados, abriu uma faixa em que reclamava da “marmelada” do carnaval anterior. Desfilou por trás do palanque do júri, só para o público e se retirou dos desfiles por 60 anos. Só seria reativada em 1989, voltando a desfilar no carnaval de 1990.

17 de nov de 2017

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