Prefeito do Rio recebe escolas de samba para falar de verbas do Carnaval
E o prefeito Marcello Crivella, depois de cantar de galo na semana passada, acabou recebendo o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, e os mandatários das 13 escolas do Grupo Especial do Rio. No final da reunião dois discursos. O povo do Carnaval saiu mais animado achando que a Prefeitura pode rever o percentual de corte das verbas. Chegaram a declarar que o Carnaval 2018 está garantido.
Isso não quer dizer que o prefeito tenha voltado atrás. A nota da Prefeitura depois da reunião mostra isso. Confirmou-se a subvenção de R$ 1 milhão por escola e feita a promessa de que o valor seria todo pago até o final de 2017 facilitando o planejamento das escolas. A outra promessa é a da Riotur sair atrás de verbas da iniciativa privada para cobrir o que a cidade vai deixar de dar.
Para os dirigentes do Carnaval, foi uma primeira rodada de negociações, em tom cordial, segundo relatos de quem esteve no encontro. Os presidentes ouviram todo o rosário de desculpas usuais sobre a situação fiscal do governo municipal. A proposta das escolas, usando como exemplo um decreto do próprio prefeito, era uma redução de 25%, conforme os demais contratos em outras áreas da administração. Crivella definiu o encontro como a fundação do bloco “Conversando que a gente se Entende” e disse ter marcado nova reunião para a próxima semana.
Na segunda houve um protesto das escolas em frente à Prefeitura. Veja como foi:
Mas a sensação que fica é a seguinte: as escolas estão se comportando como cordeirinhos, como se estivessem passando o pires, na posição de coitadinhas, em vez de se enxergarem com a importância cultural e simbólica que têm. O prefeito provavelmente amansou o tom para esvaziar a reunião que estava marcada para esta quinta na Câmara Municipal e tinha como tema a questão do financiamento do carnaval.
Na primeira rodada, sob o impacto da notícia do corte, vários dirigentes foram ao Palácio Pedro Ernesto. É bom lembrar que a redução pela metade da verba destinada às escolas do Grupo Especial não foi o único corte. A Prefeitura prometeu também reduzir o recurso dado à Série A, que desfila na Sapucaí, e abandonar à própria sorte as escolas menores, dos grupos de acesso que se apresentam na av. Intendente Magalhães, no subúrbio carioca. A Riotur garantiu que, pelo menos, a montagem da estrutura física está garantida, mas se as escolas mais pobres ficarem sem subvenção, o desfile ficar inviabilizado.
Desgraça pouca é bobagem – Horas depois do encontro, uma prova cabal de como a cidade trata aquela que é sua principal atração cultural. Um incêndio de grandes proporções atingiu o antigo barracão da União da Ilha na zona portuária, que vinha sendo dividido até o início do ano pelo Império Serrano e a Renascer de Jacarepaguá. Com o título da Série A, o Império já ocupou a estrutura a que tem direito na Cidade do Samba por estar no grupo Especial. O fogo destruiu todas as alegorias da Renascer que já tinha começado a produção de material para o Carnaval 2018. Não houve feridos, mas o prejuízo ainda não foi calculado.
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