Escolas do Grupo Especial gravam para o CD oficial do Carnaval 2019

Cena da gravação da Paraíso do Tuiuti na Cidade do Samba, publicado no perfil oficial da escola no Facebook. (Foto: Ewerton Pereira)

Na última madrugada de quarta para quinta-feira, quando a Imperatriz Leopoldinense anunciou a parceria  de Elymar Santos como vencedora, completou-se todo o cronograma de escolha da trilha sonora que vai embalar os desfilantes das escolas de samba do Grupo Especial no Carnaval 2019.

Dez escolas fizeram concurso, Grande Rio e Tuiuti encomendaram composições, a São Clemente decidiu cantar de novo o seu hino levado pra avenida em 1990 e o Império Serrano vai utilizar um sucesso de Gonzaguinha como samba-enredo. Antes mesmo de a Imperatriz escolher, na segunda, dia 15 de outubro, as escolas começaram a se mobilizar para a gravação do CD oficial.

Há alguns anos, a produção do CD é feita na própria Cidade do Samba, sob a coordenação de Laíla, atualmente diretor de carnaval da Unidos da Tijuca. As escolas levam seus componentes para gravar o coro. Os intérpretes gravam junto com as cordas (cavaquinho e violão) e alguns integrantes da Bateria fazem a base da percussão, sob comando de seu respectivo mestre. O resultado final a gente só vai conhecer em novembro, quando as escolas começarem a divulgar suas faixas.

Antes mesmo do CD oficial, já dá pra conhecer as músicas através dos clipes e gravações feitas pelos compositores para a disputa. Algumas escolas, assim que o samba é escolhido, fazem alguma modificação na letra ou na melodia para se adequar ao intérprete, aperfeiçoar algum detalhe da descrição do enredo ou a pedido da Bateria. Quando isso acontece, geralmente, a própria escola faz uma gravação de trabalho para que o coro da escola comece a ensaiar já com a música na sua forma final.

Fizeram gravações com seus intérpretes oficiais a Mocidade, a Portela e a Beija-Flor. No caso da azul e branco de Nilópolis isso era indispensável, pois a escola promoveu a fusão de dois sambas. Depois de ter anunciado a vitória de uma parceria, a direção da escola optou por fazer uma “cirurgia” na música, utilizando o refrão e a parte final de outra composição que disputou a final.

A primeira escola a entrar “em estúdio” para fazer sua gravação oficial foi o Império Serrano e toda a imprensa carnavalesca estava na Cidade do Samba para conferir.

Veja um trecho da gravação da bateria do Império:

A São Clemente também já realizou sua gravação, levando grande contingente de pessoas para a Cidade do Samba. O andamento que a bateria da escola deu para E o Samba Sambou foi o mesmo utilizado no desfile original, realizado em 1990.

A escola já produziu até um pequeno clipe sobre a gravação:

Como essa coluna já disse algumas vezes, samba-enredo é uma obra viva, que vai tomando corpo durante o concurso de escolha, depois nos ensaios, na gravação e só se completa mesmo no momento do desfile no Sambódromo. A pergunta que sempre é feita nesta época: e aí, qual é o melhor? Ainda é cedo para cravar grandes vereditos categóricos.

Algumas escolas, no entanto, se destacaram em suas disputas como o Salgueiro com seu enredo sobre Xangô ou a obra encomendada pela Tuiuti para contar a história do bode Ioiô, que quase se elegeu vereador por Fortaleza no século passado. A empolgação da escola ficou clara durante a gravação.

A Portela está felicíssima com o samba de Jorge do Batuke e parceria, sobre Clara Nunes – a gravação não-oficial feita por Gilsinho mostra esta força claramente. Foi a primeira vitória do compositor e os outros finalistas também nunca tinham vencido, o que foi uma prova de vigor da ala de compositores Ary do Cavaco.

A Mangueira é outra que deve ser aguardada por conta do samba, que conta o lado B da história do Brasil e presta homenagem à vereadora assassinada no Rio, Marielle Franco. A letra do samba composto por Domênico e parceria, é muito poderosa e deixou todos os presentes à final no Palácio do Samba (como se chama a quadra da verde e rosa) emocionados.

A Unidos da Tijuca também escolheu um samba que agradou seus torcedores e boa parte da comunidade do carnaval e deve ser bem cantado na avenida, assim como a Mocidade, a primeira a realizar final este ano e que optou pela composição da parceria de Diego Nicolau, que se destacou cedo no concurso.

Agora é aguardar o término das gravações. Depois vem a fase de mixagem em estúdio para garantir que a trilha sonora das principais escolas do Carnaval carioca dê sua contribuição e deixe o público ansioso para a festa chegar logo e a gente poder cantar nossos sambas preferidos na Sapucaí.

Bateria da Grande Rio grava a base da sua faixa para o CD de 2019