Como é o CD do carnaval 2017 das escolas do Grupo Especial

Com toda a pompa foi lançada na véspera do dia Nacional do Samba o CD oficial do carnaval 2017 para as escolas do Grupo Especial. Todas as aspirantes ao título de campeã apresentaram seus hinos acompanhadas da bateria da Mangueira em uma festa na Cidade do Samba.

Que a safra de 2017 é boa, a gente vem conversando aqui há algum tempo desde as disputas dos sambas. Mas o CD é um marco, por mais que a performance deste produto, em termos de visibilidade e vendas, seja bem mais discreta hoje do que já foi no passado. Antigamente, ele era praticamente o pré-grito de carnaval, indispensável como presente de fim de ano para a festa de réveillon, tocava em rádios pelo Brasil afora. Hoje, as pessoas conhecem todos os sambas pela internet em outubro, quando são escolhidos. As rádios só tocam “universitários”.

A produção atualmente é uma operação de guerra porque as músicas são gravadas “ao vivo” na Cidade do Samba com o intuito de parecer mais próximo do clima da avenida. Isso implica mobilizar milhares de pessoas que vão fazer parte dos coros das escolas, das baterias, os intérpretes oficiais, técnicos de gravação, um batalhão enfim. Também são comuns as sugestões por parte dos produtores do CD para ajustar tons, uma frase melódica aqui outra ali.

O samba-enredo é uma obra em construção que só fica pronta na avenida. E a partir de agora, o ritmo rumo à conclusão se acelera.

Eu particularmente acho a safra de sambas melhor do que a gravação feita no CD e a arte final também ficou a desejar. Mas o que importa mesmo é o que tem “dentro”. Na versão do CD, destacam-se, pela ordem das faixas, Portela, Vila, São Clemente e Ilha. Samba muito criticado, o da Tijuca ficou muito bem gravado, assim como a faixa da Grande Rio com Ivete ganhou graça. A dupla Beija-Flor e Mocidade, que foram os destaques na época das finais, não cresceram a meu ver. A coincidência de vir logo depois da escola de Nilópolis não faz bem à Imperatriz, até porque o arranjo do início das faixas é parecido. Eu simpatizei com a música, mas quero ouvir mais. A gente sempre tem de lembrar que o samba-enredo é uma gravação de 6 minutos no CD, mas é feito para o desfile e deve ser agradável aos ouvidos por 75 minutos.

Mangueira tem samba bastante pra cima, que é a cara da escola, só que eu ainda não me convenci. O samba do Salgueiro tem dois refrões interessantes, só que a comparação com 2016 é desfavorável. Também não consigo enxergar o desempenho dele na avenida porque ainda não o escutei ao vivo.

De todos os sambas, o que mais me impressiona pela consistência é o da Ilha. O refrão é muito forte, a segunda parte tem passagens melódicas muito boas. Pela posição de desfile, espero uma apresentação forte da escola. Sem dúvida que o duelo final Tijuca, Portela e Mangueira será de arrasar.

Mas Mestre, você pode perguntar, o que isso tudo quer dizer? Samba-enredo, quanto mais a gente escuta, mais coisas a gente descobre. E a versão do CD, da gravação original dos compositores, dos ensaios de quadra ao vivo, os ensaios técnicos na Sapucaí são diferentes entre si. O ideal é ir às quadras e ouvir. Frequentar a escola ou tentar ouvir alguma versão ao vivo pela internet, se você estiver fora do Rio. A faixa no CD, para o bem ou para o mal, não é uma opinião definitiva.

Não ouviu ainda as faixas oficiais? O YouTube tem vários arquivos. Ouça, mas não se esqueça de baixar o CD nas lojas digitais ou comprar a mídia física, assim você ajuda a sua escola a colocar o carnaval na rua.