Salgueiro, Ilha, Vila e São Clemente escolhem seus sambas

Estamos em plena temporada de escolhas dos sambas-enredo das escolas do Grupo Especial para o carnaval de 2017. Além de Grande Rio e Tuiuti, que fizeram suas finais em setembro, Salgueiro, Ilha, Vila e São Clemente também já elegeram seus hinos. E com direito a surpresas.

Na madrugada de terça para quarta dia das Crianças, a vermelho e branco da Tijuca consagrou a parceria de Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves e Francisco Aquino. A letra do samba que contará o enredo A Divina Comédia do Carnaval é muito inspirada, especialmente na arrancada final:

Gira baiana e faz do céu um terreiro
Tinge essa Avenida de vermelho
É nossa missão, carnavalizar a vida…
Vida é feita pra sambar!
dessa paixão que encanta o mundo inteiro

Só entende quem é Salgueiro…
Só entende quem é Salgueiro!

Durante a final, a escola viveu um momento saia-justa quando um diretor pediu votos para o candidato a prefeito Marcello Crivella. Muitos presentes não gostaram e fizeram coro para o oponente do bispo licenciado, Marcelo Freixo. A presidente do Salgueiro, Regina Celi, já teve uma discordância pública com o psolista por conta da proposta de se fazer uma avaliação da relevância cultural dos enredos. Na primeira vez que Freixo divulgou a ideia, em 2012, a vermelho e branco estava desenvolvendo para o ano seguinte um enredo patrocinado pela revista Caras, que falava sobre a fama e a presidente criticou a proposta, que entende como um cerceamento da liberdade das escolas de definirem seus temas. Polêmicas à parte, ouça o samba campeão:

Já a União da Ilha deveria colocar no Facebook oficial da escola um “marco”: em um relacionamento sério com o seu samba-enredo. A comunidade se encantou e abraçou a composição da parceria de Marinho, Lobo Junior, Felipe Mussili, Beto Mascarenhas, Dr. Robson, Rony Sena, Marcelão e M M. O enredo sobre o tempo baseado em uma lenda africana é complicado, mas a melodia é inspiradíssima, a letra tem belos trechos e o refrão é uma “pedrada”. Não dá vontade de parar de cantar. A quadra explodiu de felicidade quando foi feito o anúncio. A safra da escola foi bastante inspirada.

Êh Êh no Girê, Êh no Girê
Macurá Dilê no Girá
É tempo de fé, União
O tambor da Ilha a ecoar

Depois da confusão com um credor, a Vila realizou sua final na última sexta e deu zebra. O mundo do samba apostava fortemente na parceria de André Diniz, cria da escola e mega-campeão. Só que deu a parceria de Artur das Ferragens, Gustavinho Oliveira, Danilo Garcia, Braguinha e Rafael Zimmerman. Artur já foi parceiro de Diniz e este ano se uniu a uma galera jovem que nunca havia vencido na escola. Os fãs do sofisticado samba derrotado torceram o nariz, este que vos fala incluso. Mas fato é que a decisão se deu por dois votos e muitos na comunidade da Vila preferiam o vencedor. O enredo da vila é O Som da Cor, sobre a influência negra nos ritmos musicais da América.

Na São Clemente, a parceria vitoriosa conta com o portelense Luiz Carlos Máximo. O compositor “botou sambas” na preto e amarelo e na Portela, mas a azul e branco o eliminou porque o regulamento da escola proíbe que os membros de sua ala concorram em outra escola do grupo Especial no mesmo ano. Junto com ele venceram Toninho Nascimento, Luiz Carlos Máximo, Anderson Paz, Gustavo Albuquerque, Camilo Jorge e Marcelo SP. A música é agradável e a letra descreve o enredo, mas o tom bem-humorado característico da São Clemente estava mais presente na parceria de Renato Góes.

O bem-humorado enredo Onisuaquimalipanse conta a história de um corrupto (na França do Rei Sol) que levou à construção do Palácio de Versalhes. Como estamos falando de carnaval, obviamente, a história é cheia de duplo sentido. Qualquer semelhança com o Brasil é mera coincidência, será?