Vila Isabel projeta futuro otimista em seu enredo para o Carnaval 2018

De onde viemos? Aonde vamos? Como escolher o futuro que queremos? Essas são as premissas em torno das quais a Vila Isabel vai montar seu enredo para o Carnaval 2018: Corra que o Futuro Vem Aí. A assinatura é da dupla Paulo Barros e Paulo Menezes, que estava na campeã Portela e saiu logo depois do Carnaval. O objetivo é fazer a Vila voltar a disputar títulos, o que não ocorre desde a saída de Rosa Magalhães, em 2013. Esta é a segunda passagem de Barros na escola de Noel – a primeira foi em 2009, em parceria com Alex de Souza.

Relembre o desfile anterior de Barros na Vila:

Quem vê o logotipo do enredo é remetido para os filmes da franquia De Volta para o Futuro, bem ao estilo de Barros, que ama uma referência cinematográfica e usa a reflexão tradicional “como chegamos até aqui e para onde iremos” para propor uma viagem através dos tempos e em torno das invenções que permitiram ao homem, primeiro sair da escuridão e domar a natureza até as tecnologias mais modernas como o carro elétrico e as energias limpas.

No primeiro setor, a escola vai falar exatamente dos esforços do homem para domar um ambiente que lhe era hostil da descoberta do fogo na Pré-História até a nossa capacidade atual de iluminar cidades inteiras.  A invenção da roda leva à segunda parte do desfile, que vai dali para as engrenagens e invenções como o relógio. O homem aprende a contar o tempo e faz a vida acelerar.

Em seguida, o enredo se volta para os registros de pinturas rupestres, em barro, a invenção da escrita, da imprensa, dos livros, tão importantes na difusão do conhecimento e da história e que com o tempo foram potencializados por computadores e toda sorte de equipamentos eletrônicos.

Depois de chegar nos celulares, o enredo volta a se interessar pela luz para abordar as artes, a fotografia, o rádio, a televisão, o cinema, onde som e imagem se uniram para encantar o público. A sétima arte usa tecnologia nos efeitos especiais para nos levar a mundos encantados e criar muitas ilusões.

O penúltimo tema que o enredo se ocupa é o transporte a partir da invenção da bússola, que permitiu ao homem orientar-se melhor nas navegações e ir mais longe a bordo de barcos, carros, trens ou aviões. Este setor fala também da paixão exploradora do homem, inclusive na busca por desvendar mistérios no fundo do mar – um pretexto para falar de Atlântida.

Por fim, o desfile pede uma reflexão a respeito de “Como Será o Amanhã”. A visão da Vila é otimista, prevendo que a tecnologia de ponta vai em breve estar massificada, permitindo-nos andar em carros elétricos, ter consciência da importância de combater a poluição e manter a humanidade em equilíbrio com o meio ambiente vivendo em cidades inteligentes, comandadas digitalmente.

logo_enredo_vilaisabel2018

 

O logotipo do enredo mostra o físico Albert Einstein, Graham Bell, inventor do telefone, o cientista Bartolomeu de Gusmão, inventor do primeiro aeróstato, Santos Dumont, Karl Benz (inventor do carro), Steve Jobs e Thomas Edison, que criou a lâmpada elétrica. Nisso, o enredo tem um ponto de contato com o da Viradouro (FAZER LINK COM O TEXTO SOBRE O ENREDO DA VIRADOURO), que desfila na Série A.

A divisão do enredo por áreas temáticas, se levada ao pé da letra no desfile, obrigará uma ida e volta constante entre passado e futuro que me parece um tanto cansativa, mas as deixas para algumas alegorias estão ali delineadas para dar margem à habitual criatividade performática de Paulo Barros.

Faltou também no texto da sinopse um pouco de carnavalização, que é uma crítica recorrente aos trabalhos do carnavalesco e que ele não sofreu na Portela porque a escola não aceita muito bem enredos sem grandes identidades com a cultura brasileira e a história portelense. Mas fica claro que a sinopse é mais uma marcação genérica do que uma narrativa consistente.

Para o bem da humanidade, esperamos que o futuro imaginado pela Vila efetivamente se concretize. Agora se a escola vai voltar a ser campeã, ainda é cedo para dizer, especialmente porque a posição de desfile é ingrata, terceira de domingo. Só vale um registro: em 2010, a Tijuca foi campeã desfilando nesta posição. Sabe quem era o carnavalesco? 😛

 

11 de ago de 2017

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