Imperatriz entrou pra história com desfile sobre Proclamação da República

Carro do Baila da Ilha Fiscal / Foto: Carlos Ivan

Na última quinta-feira, o Brasil completou 129 anos da Proclamação da República e todos os anos nessa data, o único hino que me vem à mente não é a pomposa marcha militar, mas o irresistível refrão do samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense para o carnaval de 1989, em homenagem ao centenário da República.

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós

E que a voz da igualdade

Seja sempre a nossa voz

Por mais que soe estranho à primeira vista, uma escola que homenageia a monarquia em seu nome celebrar a Proclamação da República, esse desfile é um dos momentos clássicos do carnaval carioca e que traz em si uma história de superação daquelas que entram para os almanaques.

A Imperatriz tinha sido a penúltima colocada no carnaval de 1988 com um enredo satírico que não é bem a pegada da escola. Houve problemas no desfile, ela estourou o tempo. Na hora da apuração, alegou-se falha na cronometragem e, por conta disso, a escola não foi rebaixada.

Para o Carnaval de 1989, a escola trouxe o carnavalesco Max Lopes, que fora responsável pelo belíssimo reencontro da Mangueira com a vitória cinco anos antes. Ele propôs falar do Centenário da República.

Relembre o desfile de 1989 da Imperatriz

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A escola foi a segunda a desfilar na segunda-feira e abriu sua apresentação com um “cortejo” de águias da República e a imponente coroa imperial, símbolo da Imperatriz, em tom prata e que foi até hoje a mais bonita em minha opinião.

O desfile foi todo em tom clássico, com fantasias de soldados, escravos, mucamas, nobres na Comissão de Frente. Dois carros se destacaram em especial: um foi o do Baile da Ilha Fiscal, última celebração realizada pela monarquia.  Outro foi o carro da Guerra do Paraguai que trazia Duque de Caxias no alto de um cavalo no alto de uma estrutura bastante alta cercada de soldados e cavalos.

Uma apresentação compacta, em dourado, verde, amarelo, prata e branco dominantes, que deu vez a imigrantes, escravos, brancos, nobres, militares e civis. O público cantou muito e seguiu empolgado durante todo o desfile levado à frente pelo samba-enredo de Preto Joia e interpretado com maestria por Dominguinhos do Estácio.

Naquele carnaval, a Beija-Flor ainda desfilaria com seu revolucionário Ratos e Urubus Rasguem a Minha Fantasia. No dia da apuração, imaginava-se que a disputa seria levada pela Beija-Flor. Mas a Imperatriz levou a melhor no samba-enredo e acabou faturando o campeonato, pulando do penúltimo para o título de campeã de um carnaval para o outro.

16 de nov de 2018

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