Fantasias e alegorias são trunfos das escolas pra encantar

 

Entenda como são julgados os quesitos alegorias e fantasias, o visual das escolas

 
A Portela iria desfilar em 1935 com o tema “O Samba Dominando O Mundo” e um de seus fundadores Antônio Caetano teve a ideia de levar para a avenida um rústico globo terrestre para ilustrar. Estava criada a primeira alegoria de escola de samba. Quatro anos depois, a mesma Portela trouxe todos os seus componentes vestidos de professores e alunos para o enredo “Teste ao Samba”, inaugurando o quesito fantasias.

 

Desde aqueles primeiros tempos, alegorias e fantasias mudaram muito, sobretudo dos anos 1960 para cá e especialmente a partir da era Joaosinho Trinta. O luxo sufocou o tom inocente das alegorias do carnaval, obrigando uma profissionalização que tornou o desfile um grande espetáculo.

 

As fantasias chamam atenção pela criatividade e suntuosidade e as alegorias e adereços pela imponência e impacto visual que causam, sejam luxuosos ou performáticos, um estilo cada vez mais adotado pelas escolas depois do sucesso das criações de Paulo Barros. Mas como elas são julgadas pelos jurados?

 

Segundo o manual do julgador feito pela Liga, as alegorias são julgadas em dois subquesitos que valem cada um de 4,5 a 5,0, com intervalos de 0,1. O primeiro é a concepção, a adequação ao enredo, se cumprem a função de ajudar a contar a história que a escola se propõe. Também se leva em conta a criatividade. Portanto, luxo não é uma obrigação, ao contrário do que se pensa.

 

O outro subquesito é Realização, ou seja, a impressão causada pelas formas e pelo entrosamento com o resto do visual da escola, a distribuição de materiais e cores. Aqui também se analisam o cuidado com a confecção, acabamento e decoração, inclusive das partes traseiras. Por exemplo, geradores (usados quando a alegoria tem movimentos e iluminação) à mostra e sem decoração quase sempre significam décimos a menos. Preste atenção também nos destaques, se estão todos fantasiados corretamente, com as roupas completas.

 

Os jurados ficam de olho se não ficam aparentes escadas, caixas, isopores, ou qualquer objeto estranho ao significado do enredo.

 

Se houver merchandising nos carros, se eles andarem pra trás ou se estiverem em número menor que o regulamento permite (são 5 no Grupo Especial), essas falhas serão avaliadas em outros quesitos.

 

As fantasias também são julgadas em subquesitos, da mesma forma que as alegorias: Concepção e Realização. São levadas a criatividade, a capacidade de o público e o jurado entender o enredo por meio do que expressam, mesmo que não se conheça profundamente o tema. Na realização, os jurados ficam de olho se as alas estão totalmente vestidas. O mais periogoso para as escolas são os componentes que resolvem desfilar com um chapéu na mão ou vestem a fantasia de um jeito diferente do que o resto, por exemplo, um sapato. Resplendores e penas despencando também podem render décimos a menos.

 

Assim como nas alegorias, os jurados de fantasia não devem levar em consideração a eventual presença de merchandising ou mesmo se algum destaque engraçadinho resolveu desfilar totalmente nu. Esses são itens de regulamento avaliados pela comissão de obrigatoriedades de desfile.

 

Os desfiles já ofereceram fantasias lindas e alegorias memoráveis, como o Cristo Mendigo da Beija-Flor (em 1989), que foi proibido pela Justiça e desfilou sob plásticos, as naves espaciais da Mocidade  em 1985, o carro do DNA na Unidos da Tijuca em 2004. Sem dúvida, uma das mais aguardadas alegorias todos os anos é a Águia símbolo da Portela da qual a escola não abre mão de trazer no abre-alas. Seu momento máximo foi em 2015, quando veio de Cristo Redentor.

Cristo Mendigo

 

Carro do DNA (o carro aparece a partir dos 16′)

 

Águia Redentora e seu confronto com a Torre de TV do sambódromo

27 de jan de 2017
1 COMENTÁRIO
  1. Falando de fantasias, tenho lembranças da ala do encontro da água doce com o mar,a pororoca do desfile da Beija-flor de 2004, em que a escola falou da Amazônia. Aqueles desfilantes vestidos de peixes e interagindo com as alas, foi um espetáculo. Quanto à alegoria me recordo do abre alas da Geande Rio em 2006, acho que foi o ano que a Escola também falou da Amazônia, ano em que a Vila venceu com um enredo sobre o continente sul americano, coisa parecida! Aquelas ocas douradas, cujas portas abriam e fechavam, o acabamento e funcionabilidade foi espetacular.

    Daniel7 anos atrásResponder

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