O que as eleições 2016 prometem para as escolas de samba

É inegável que as escolas de samba são parte importante da experiência dos turistas brasileiros ou estrangeiros que passam o carnaval no Rio de Janeiro. O investimento público na festa gira em torno de R$ 100 milhões, dos quais R$ 24 milhões são subvenção direta. Ela devolve à cidade R$ 3 bilhões em faturamento. Por isso, vale a pena entender o que os candidatos a prefeito pensam a respeito do desfile e das relações do poder público com as escolas.

Se o prefeito atual Eduardo Paes é um carnavalesco assumido e sempre bateu ponto na Sapucaí, os candidatos são mais discretos. Apesar dos números acima, a presença do carnaval nos programas de governo é tímida e só em entrevistas à imprensa e debates consegue-se entender melhor o que pensam do assunto.

Financiamento
De forma geral, todos garantem que vão manter a subvenção à festa. Índio da Costa (PSD) afirma que não é o modelo ideal, mas não há como mudar. O líder nas pesquisas Marcelo Crivella (PRB) quer ajudar as agremiações a procurar fontes privadas de financiamento e Flávio Bolsonaro (PSC) menciona o apoio a iniciativas rumo a um carnaval autossustentável. Já Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Freixo (PSOL) prometem aumentar o apoio financeiro às escolas do Grupo de Acesso A e às agremiações mirins.

Freixo dedica o maior espaço ao carnaval em seu programa e tem uma ideia potencialmente polêmica: a realização de audiências públicas para avaliar a relevância cultural dos enredos. Temas patrocinados poderiam perder o direito a receber recursos públicos. A proposta não é nova e seu objetivo declarado é evitar que as escolas se transformem em veículos de propaganda. Quem não se lembra de enredos sobre o iogurte, a pujança da Vale ou o enredo do Salgueiro patrocinado pela revista Caras?

Incentivos e melhorias
Se as promessas de campanha forem cumpridas, as escolas do Grupo de Acesso A têm boa chance de verem se tornar realidade o sonho de ganhar seu endereço definitivo para prepararem o carnaval. Isso porque três candidatos falam em construir a Cidade do Samba 2: Crivella, Pedro Paulo e Jandira Feghali (PC do B). O peemedebista também prevê continuar a reforma de quadras das escolas de samba e chegou a citar nominalmente Unidos da Tijuca e Estácio.

O candidato do PSDB, Carlos Osório, quer incrementar as atividades na Cidade do Samba original, sede das escolas do Grupo Especial, para aumentar o potencial turístico do complexo da Gamboa.

A única proposta concreta de Alessandro Molon (Rede) para as escolas é a “criação” de uma mega feira internacional, tirando partido da proeminência do Rio como carnaval mais famoso do mundo, embora, segundo ele, 900 cidades ao redor do planeta comemorem a data. O deputado parece desconhecer que há três anos já ocorre no Rio a feira Carnavália-Sambacon, com mais ou menos esse foco.

Formação
Outro tema recorrente é a formação de mão de obra especializada em carnaval. Pedro Paulo e Crivella pretendem ter em espaços físicos cursos específicos para formação de músicos, costureiras, carpinteiros, etc. O bispo licenciado do PRB fala até em fazer uma parceria com as costureiras das escolas de samba para que elas produzam uniformes escolares.

A ideia do peemedebista é ir até mais longe. Quer fundar o que chama de Universidade do Samba para também estudar o carnaval e discutir os rumos da festa. O tucano Osório é outro que menciona a questão da formação, mas acredita que o melhor espaço para isso sejam as escolas mirins.

Estrutura e organização
Apenas Marcelo Freixo fala em criar um órgão de governo específico para tratar da organização do carnaval, uma subsecretaria, que exerceria as funções hoje a cargo da Liga Independente das Escolas de Samba. Além disso, o psolista tem planos de restabelecer a configuração original da Passarela do Samba e extinguir as frisas em pelo menos um lado da pista de desfile, destinando a área a ingressos populares. Jandira é outra a mencionar o desejo de ver cariocas não apenas trabalhando nos bastidores como usufruindo da festa, sem dizer como.

Quanto à transmissão pela TV, o candidato do PSOL pretende franqueá-la aos canais educativos, quebrando a exclusividade da Rede Globo. Para 2017, a emissora acertou com a Liesa exibir na íntegra todas as escolas do Especial. Em troca, elas concordaram em reduzir o tempo de desfile e o número de alegorias.

O primeiro turno das eleições municipais ocorre em 2 de outubro. Para você que curte escolas de samba, analise e procure mais informações sobre as propostas dos candidatos tanto a prefeito como a vereador.

22 de set de 2016

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