Chegou a época mais divertida do ano pra quem curte samba-enredo

Para quem gosta de samba-enredo esta é a época mais divertida do ano. Todas as sinopses foram entregues, realizadas reuniões entre carnavalescos e compositores, que já puseram a criatividade para funcionar. O resultado disso é a safra de sambas para o carnaval 2017.

Faça uma conta simples. São 26 escolas de samba, contando com os grupos Especial e Série A, que desfilam na Sapucaí. Numa conta pessimista, digamos que cada escola receba a inscrição de dez sambas. Por aí dá pra ter uma ideia do tamanho do concurso que vai se desenrolar nas quadras até que sejam escolhidos os 26 campeões, que vão de fato chegar a Sapucaí.

Cada escola realiza seu concurso de sambas e todos precisam estar escolhidos até o meio de outubro, quando começa a produção do CD. O mais inusitado é o Salgueiro, que vai repetir o esquema de “copa”, com chaves e confrontos diretos, como ocorre na Copa do Mundo de futebol, por exemplo.

Na maioria das escolas, a disputa consiste numa série de apresentações nas quadras, com passagens só com os cantores e depois com a bateria. Ao final de cada uma dessas jornadas, a comissão julgadora “corta” os sambas que tiveram o pior desempenho.

O objetivo é ver como cada samba se comporta sendo cantado ao vivo, sem os recursos das gravações em estúdio apresentadas por cada concorrente na inscrição. Em alguns casos, há até um clipe dessas gravações.

O samba-enredo é uma composição única. Julgar um depois de ouvir só uma vez uma gravação em CD é inviável. Ele se modifica, vai se adaptando à bateria, com o canto da escola. Às vezes sambas maravilhosos em CD, simplesmente murcham na avenida. E vice-versa. Composições que poucos prestavam atenção viram um sucesso total no Sambódromo.

Um detalhe importante: só depois que o samba vencedor é escolhido em cada quadra que ele será cantado pelo intérprete oficial da escola. Até lá, ou os compositores defendem com o próprio gogó ou contratam um intérprete profissional. Muito tem se debatido sobre os gastos com as disputas e até que ponto o poder econômico influencia no resultado. Mas isso é papo pra outro post.

Estamos na temporada essencial para as escolas. Ao longo da história, muitos sambas belíssimos acabaram descartados da disputa. É uma decisão estratégica para o sucesso de um desfile. Afinal de contas, não há alegoria bonita que esconda um samba ruim. Às vezes, até dá campeonato. Mas isso é também, assunto para outra conversa. 😛

Nas próximas semanas, vamos ouvir muitos sambas, alguns ótimos e vamos pensar: não queria estar no lugar da comissão julgadora de cada escola. Já se sabe que a Mocidade Independente, apesar de ter talvez a sinopse mais fraca do ano, tem um sambão na disputa. Mesmo ocorre com a Beija-Flor. Portela e Mangueira ainda não receberam as respectivas safras.

Esse é um tema que ainda vamos tratar muito por aqui. Mas só como curiosidade, vejam o videoclipe original daquele que viria a ser o samba da Portela de 2016.

08 de ago de 2016

COMENTÁRIOS